9.2.11

Rewinding

Pucket, Tailândia

11 de Agosto

19h30

Como que colado através do tempo numa encosta demasiado íngreme, o resort adormecia ao lado de uma praia paradisíaca de água demasiado quente e cristalina, daquelas que aparecem nos postais e anúncios televisivos e que ninguém acredita serem senão fonte de um vanguardista programa de computador. Cape Panwa assemelhava-se igualmente a outra dessas fotografias de sonho que só os mais instruídos na matéria tinham sucesso em conseguir. Terminara há segundos uma típica chuvada de crepúsculo, um pé de água capaz de trazer tudo o que ninguém quer e levar consigo tudo aquilo que mais se deseja, aqui a natureza não brinca nem se preocupa em avisar quando chega.

A tempestade acabou tão repentinamente como começara, já era noite mas o calor permanecia e a humidade aumentara, a camisola colava-se ao corpo suado e as mãos molhadas tremiam com medo de arruinar o tesouro que guardavam religiosamente desde o começo do dia. Caminhava lentamente pelos relvados do hotel até encontrar um caminho de terra que me levasse à praia, o ar demasiado quente e demasiado húmido trazia consigo cheiros exóticos a canela e soja que se colavam na pele, deixando-a ainda mais húmida, mais sedenta...

Chegando à praia o ar torna-se mais fresco e menos denso, olho para trás e observo a encosta, pequenas villas iluminadas, forradas com palmeiras e coqueiros davam um ar selvagem a um lugar tão luxuosamente pensado, mas nada disto importava. Deito-me numa das diversas camas de vime forradas com cortinas de algodão branco que haviam espalhadas pela interminável língua de areia que percorria a península deste paraíso. Uma fresca brisa havia agora começado, os milhares de cortinas das camas de vime esvoaçavam agora, dando um ar fantasmagórico e único aquela praia interminável e deserta, era o momento perfeito!

Respiro fundo, abro as mãos húmidas e dou vida ao tesouro. Uns eternos segundos de suspense e, finalmente, oiço-te do outro lado. Essa tua voz inconfundível e doce desperta-me toneladas de saudades. Hoje é o teu dia:

-Parabéns! Amo-te

1 comentário:

  1. a música, o texto... é impossível não sentir algo. quando te embrulhas profundamente em ti mesmo, escreves divinalmente bem Ricardo. adorei @

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