Nesses dias intermináveis escrevo sem parar largos textos sem sentido em papel de cozinha, guardanapos, folhas soltas, individuais, blocos de notas, post-its, tudo o que aparece e que serve para atenuar este grito pendente na minha garganta inflamada de dor e saudade; nesses dias sinto a falta do teu cheiro na minha roupa, da tua voz, de te ver de óculos, dos teus lábios roçarem os meus e de te beijar o pescoço; nesses dias dou por mim a chorar no carro enquanto oiço na rádio alguma música lamechas; nesses dias rodeio-me de multidões mas era contigo que queria estar; nesses dias não vejo nem oiço nada, e creio que ninguém se esforça por me perceber.
É nesses dias que mais penso em ti, o ar torna-se rarefeito e pesado, abro a boca o máximo possível e inspiro com força mas em vão, o ar continua a faltar e o corpo treme, treme sem parar e começo a suar. Aperto a cara com as mãos na esperança de tomar o fôlego, mas é tarde de mais, o gelo racha debaixo de mim.
É nesses dias que vasculho tudo o que me resta teu, todas as lembranças que me deixaste ao longo da nossa história. Para finalizar todos os restos da nossa vida, leio o email que me mandaste na primeira noite de Fevereiro… então, todo o desgosto, nostalgia e saudade desaparecem e o ar torna-se leve e respirável outra vez...
Sem comentários:
Enviar um comentário