29.11.09

Mónaco



Hoje, no meio de tanta conversa, de tanta confissão, de tanta gargalhada, decobri que poderia ter sido dono de tudo isto...


Invejoso? Chateado?
Nem um bocadinho!

21.11.09

A ti, M

Ontem o tempo passou demasiado rápido e falámos tão pouco, ou se calhar tu falaste pouco, porque só falas nos intervalos em que eu estou calado, e eu bem sei que são poucos! A verdade é que, independentemente do lugar onde estamos, do tempo que dispomos, da disposição que nos flui, tenho sempre a sensação de que não falamos o suficiente, e que há sempre algo mais para ser dito, ou finalizado. Se soubesses o prazer que é para mim poder falar contigo, sem segredos, sem tabus e ter a sensação de que, quanto mais de mim partilho contigo, mas tu gostas de mim, ficarias espantado, porque é mesmo algo que me toca. Sei perfeitamente que a nossa amizade é um tanto ou quanto invulgar, e também sei que é isso que a torna especial e memorável.


No entanto, decidi escrever-te para partilhar contigo um segredo que guardo comigo desde o dia em que me ofereceste, como presente de aniversário, aquele pequeno livro que guardo religiosamente na minha estante. Pensas que não noto que, sempre que vens cá a casa e entras no meu quarto, procuras desenfreadamente com esses teus discretos olhos, o livro que me ofereceste, e encontra-lo sempre no mesmo lugar, deitado em cima de tantos outros livros, mas sempre no topo, sempre no topo!


E, com esse pequeno livro que descreve uma amizade tão grande eu, decidi já há uns bons meses, senão anos, recolher as frases que mais se enquadram com a nossa amizade, e a verdade é que, embora sejam poucas, são as mais marcantes, tal e qual a nossa amizade:




“Os silêncios fazem as verdadeiras conversas entre amigos. Não é o dizer, propriamente, mas o não ser necessário dizer o que conta.”




“As amizades que passaram no exame do tempo e mudaram são, de certeza, as melhores.”




“Sei que, mesmo quando estou longe de vista não estou longe do coração. Os silêncios e as distâncias são tecidos na textura da verdadeira amizade.”




“Um amigo é aquele que entra quando todos os outros saem.”

20.11.09

Lisbon Revisited

NÃO: não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
(...)

Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
(...)

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!

Ó céu azul - o mesmo da minha infância -,
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo.
Pequena verdade onde o céu se reflecte!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!


Álvaro de Campos
Só quero que me deixem, sozinho!
Na paz de outrora,
Sozinho.

2.11.09

Somewhere, Over the Rainbow

Esforça-te, esforça essa cabeça perra, esses neurónios enferrujados, procura dentro desses olhos inchados e desse cabelo emaranhado. Procura bem, juro-te que vais encontrar qualquer coisa daquele fim-de-semana. Procura nas roupas sujas, nos sapatos poeirentos, no saco de cama, com sorte até encontras sapos! Desbrava os fatos, as máscaras, as saias, as tintas, as maquilhagens, procura em todo o lado, e encontrarás o que sempre procuraste.

A vida que sempre sonhaste, os amigos que sempre desejaste, os segredos que sempre guardaste. Aqui tudo acontece, porque tem de acontecer, porque lá todos somos anfitriões e todos temos algo para dar. Porque lá nada é efémero e por isso ninguém acaba o que tem de acabar, para ter sempre motivo para voltar, e ficar, eternamente.

É longe daqui mas o tempo passa rápido, porque o tempo é aquilo que dele fazemos, é aquilo que dele pensamos, o tempo é apenas tempo e não mais que tempo quando assim queremos, e lá o tempo somos nós, somos as estrelas, a terra, as pedras, somos tudo o que queremos, somos nós mesmo e ainda temos tempo para ser um segundo e um terceiro, somos todos e somos um só, somos uma massa deambulante pela aquela paisagem organizada de uma maneira estranhamente aleatória. Porque sempre que lá vamos, um bocado de nós deixamos, até ficarmos lá, por inteiro, where troubles melt like lemon drops.