13.7.10

Valsa da Vida Lassa

Tudo me escorre pelas mãos com uma graciosidade tal, com uma subtileza extrema, como uma pauta musical flutuante que deixa vestígios em todos os cantos do meu corpo. Corro com o coração nas mãos, fujo para onde não quero e escondo-me onde não posso, sinto que chego para tudo e não sirvo para nada, penso que tenho o mundo a meus pés quando afinal todos me subjugam. Tento fugir mas sai sempre em vão, esta música persegue-me e denuncia-me para onde quer que vá, empurra-me de precipícios e espreme-me as lágrimas que me molham a cara e me secam a alma.
Que palhaçada esta de ficar sonhando com o que não se pode ter. Perco tempo e tempo é dinheiro. Perco amigos e amigos são património, não da terra, mas do coração e nenhuma herdade me preenche este buraco do peito, agora que o seguro com as mãos. Estou pouco tempo com quem amo e demasiado com quem não importa, quero tudo o que não tenho e desprezo tudo o que possuo.

Continuo a correr com o coração nas mãos, corro nesta valsa da vida lassa onde o que quero está perto mas nunca chega, nesta pauta musical que me eleva a alguém que não existe, a um eu que julgava conhecer, um homem que pensava saber tudo e que afinal, não sabe nada. Palavras? Levou-as o vento, e que leve a música também!

Continuo a correr com o coração nas mãos, corro sem hesitar, já sem fôlego, sem prazer, corro em busca de três décimas, de três míseras décimas…



1 comentário:

  1. comovente bebé. olha, vou-te dizer o que a minha mãe me disse há pouco que é simplesmente sabermos que demos o nosso melhor e não desistirmos! e é lixado, mas se não lutarmos... quem luta por nós?

    eu acredito em ti, sei que vais conseguir. @

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