É à noite, deitado na cama, que mais me lembro de ti. É à noite, quando a cidade esta deserta, a casa vazia e o coração destroçado que apareces numa lembrança ténue e singela que rapidamente se transforma em algo demoníaco e omnipresente, tão forte como espada afiada que trespassa o corpo de uma a ponta a outra, é essa a dor que sinto cada vez que penso em ti, um vazio gigante, uma dor titânica, uma mágoa interminável…
O que nos aconteceu? Ficou tanto por dizer, tanto por explicar, tanto por completar…
Criaste-me um mundo que desconhecia até então, do qual sinto constante saudade e desejo, eras tu o meu primeiro pensamento ao acordar e o último momentos antes de adormecer, era por ti que ardia de paixão, sentia-me ansioso sempre que não estava contigo e apenas em paz quando a ti me juntava.
Mas meu amor, não se ajuda quem não quer ser ajudado, o maior cego é aquele que não quer ver e tu não viste nada, não quiseste ver. A minha luta incansável pela nossa relação não era mais do que remar contra a gigante maré de preconceito que trazias cada vez que estávamos juntos e isso esculpiu em mim uma grande dose de frustração. Quando se dá tudo por tudo e obtemos menos que nada acabamos por cair em nós mesmos, trataste-me como lixo, nem sequer tiveste a decência de acabar comigo pessoalmente, para ti não passei de uma puta que só servia para as horas de desejo carnal e isso é o que mais me magoa…
No entanto, é à noite, deitado na cama, que mais me lembro de ti. O corpo contorce-se, o coração lateja e os olhos choram, choram sem fim, choram porque embora lute desmesuradamente para te esquecer, tudo cá dentro grita por ti, grita por nós, grita em memória a tudo o que, outrora, fomos…
E tu nem imaginas a falta que isso me faz…