22.8.10

V for Vendetta

Não existem palavras que expressem o quanto te amo, o quão arrependido estou, não vale a pena estar com rodeios, com metáforas. Quem sabe, sabe, quem não sabe passa a saber, estou farto de esconder o que sinto por ti com medo de tudo e de todos.

São três da tarde e o Range Rover percorre demoradamente a paisagem amarelada e plana do Alentejo, os vidros vão abertos e o calor entra com a mesma pressa que sai, o ar é quente e cheira a erva seca. O teu nome ecoa como uma melodia na minha cabeça, imagino-te a sussurrares ao meu ouvido, a dizeres que ainda me amas e que me perdoas, que errar é humano e mais umas quantas frases feitas que caem sempre tão bem quando o sentimento é de culpa e os remorsos despedaçam o coração que lateja cada vez que bate e não te sente.

São cinco da tarde, o Range Rover atravessa Lisboa com a mesma lentidão, os prédios citadinos e as avenidas dão lugar à única e luxuosa vila de Cascais. Estás perto, tão perto que já te sinto o cheiro trazido pelo mar. Nunca consegui descrever o teu cheiro, nunca consegui colocar-lhe um rótulo, desejo-te ainda mais, agora que estás tão perto.

São onze da noite, já passou uma hora desde que estou sentado no lancil à frente da porta da tua casa, seis horas desde que te informei da minha chegada, vinte e quatro desde a última vez que falámos e me iludiste que estava tudo fragilmente bem, noventa e seis desde que perdi o que me restava de orgulho e dignidade em prol do teu perdão, cento e vinte cinco desde que desapareci por dentro e deixei o desejo carnal e a curiosidade prevalecer sobre o respeito e amor que sentia por ti.

Liguei-te vezes sem conta e o teclado ficou gasto das mensagens que te mandei, vi a tua casa a adormecer à minha frente e eu impotente a tal acontecimento, só desejava ver-te mais uma vez, dez minutos pedi, será muito? Desejava ardentemente ver-te, uma vez mais pus o orgulho de parte e engoli a seco o que me restava de dignidade.

Mas não, tu não foste capaz de o fazer, não foste capaz de descer as escadas e saíres à rua depois de eu ter feito 400km para te ver, não foste capaz de perder 10 minutos para sair à rua quando eu perdi nove horas para te ver, não foste capaz de pensar em mim por um segundo e sair à rua quando eu não penso noutra coisa senão tu há horas, há dias, há semanas…

Fui longe demais, mas tu também.

2 comentários:

  1. Gostei imenso da maneira como escreveste. Pareceu-me bastante verdadeiro e conseguiste transmitir o que sentes, ou realmente tens muito jeito! Beijinhos

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  2. «we're meant to lose the people we love. how else would we know how important they are to us?»

    acredito que tudo se vai resolver bebé@

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