7.1.10

Carolina

Hoje, mais que em todos os outros dias, senti a tua falta. Éramos todos os do costume menos tu, no lugar em que nos sentávamos habitualmente mas agora sem ti, aquela mesa que todas as quintas-feiras se enche de gente e de sonoridade estava para mim, silenciosa e inóspita ao meu bem-estar. E a cadeira ao meu lado, o lugar que costumavas ocupar, vazio, tremendamente vazio.

Na mesa debaixo dos plátanos despidos, onde todos aproveitam ao segundo todo o tempo livre e devoram desenfreadamente a comida que têm nos pratos ainda paira o teu perfume, misturado com os cigarros que fumavas, um a seguir ao outro, enquanto me deliciavas com as tuas histórias de vida, com as loucuras que eu tanto invejava.

Foi tão fácil deixar-me perder neste vasto mar de gente, foi tão fácil deixar tudo misturar-se como na foz do Tejo, onde agora te encontras. Quero tudo de volta, quero voltar a detestar tudo, não quero ser indiferente, quero impor-me, quero gritar e governar como outrora fazia, mas não consigo, não sem ti… Dizem que estou distante, que já não sou o mesmo, que as titânicas desilusões terminaram com a habitual boa disposição que aparentava ser inata em mim, dizem que estou a perder o interesse, que não me conhecem, que têm saudades de mim. Estou perdido! Por favor encontra-me, outra vez, por favor…

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