9.8.09

Strange thing called you

Sentado na sala, desfolho um livro a escassos centímetros dos olhos, desatentos e preocupados, fugindo constantemente para o ecrã do telemóvel, para aquele instrumento tão estranhamente familiar, estranho porque embora tenha sempre sido acompanhado por um, nunca me adaptei aquele pequeno ser electrónico. Devo ser anormal, tu bem o dizes! A verdade é que nunca me adaptei a este fiel amigo que sempre me acompanhou e ao qual sempre me socorri nas alturas de perigo iminente. Sempre dei pouca importância aos que realmente se preocupam comigo, apoiando-me naqueles que acabam sempre por me deixar sozinho, que só me ligam quando precisam de ajuda para alguma coisa ou porque tiveram um ataque de nostalgia. Sim, deve ser por isso que me afeiçoei tanto a ti, a essa estranha personalidade que tanto me atrai, porque mais cedo ou mais tarde deixar-me-ás sozinho, sem um aviso, sem um telefonema, sem uma mensagem, como a que espero ansiosamente receber, e que nunca mais chega, será que se perdeu? Ou simplesmente não chegou a ser enviada?
Continuo desfolhando o pequeno livro, com uma velocidade superior à prevista pelos meus olhos, que continuam impregnados no pequeno ecrã escuro, esperando notícias tuas. Noticias de um vulto que me assombra a mente e fala comigo quando mais preciso, chego mesmo a pensar se existes na realidade ou se o meu telemóvel ganhou vida própria?! O livro já não tinha mais páginas para desfolhar e, no entanto, ainda nada sabia de ti, recomecei a desfolha-lho novamente, de uma maneira mais lenta e nervosa. Não iria ser o primeiro a quebrar o gelo. Não! Estava fora de questão! Não mereces isso, pelo menos ainda!
Finalmente ele vibra e dirijo-me com fervor ao meu fiel amigo, que novamente não me deixou ficar mal. Eras tu, com um simples “hey”, uma palavra que nem comprimento tem para ser designada como tal, mas não me afligi, pelo contrário! Aquele hey era diferente de todos os outros até agora, aquela simples junção de três simples letras vinha unida com um longo significado por trás, vinha com o peso de quem deixou o orgulho de parte e isso, para mim, contava por muitas das nossas conversas intermináveis.
És a pessoa mais estranha que conheço, atrevo-me mesmo a dizer que és um pouco radical, no entanto, somos pessoas demasiado diferentes para te julgar como tal, até porque nunca te olhei com os meus próprios olhos nem te toquei com as minhas próprias mãos, nem sequer tive a oportunidade de te beijar e acariciar-te os lábios como eu tanto gosto, e tu não!
Sei que estavas à espera que aqui deixasse vestígios, pequenas pistas do que poderás eventualmente significar para mim, mas não, não o farei, porque sei que, se não o fizer, serás a pessoa mais irritada do mundo, e eu sou assim, a teus olhos, irritante.


E sabes que mais, até gosto de o ser, quebro a (nossa) monotonia.

2 comentários:

  1. se isto é uma "parvoíce pegada", os meus textos andam a nadar nelas.

    está lindo Ricardo =)
    como te disse, tem muito que se lhe diga por trás @

    ResponderEliminar