É Dezembro, chove a potes, tenho alergia e faz frio.
As coisas mudam
depressa: dezembro escreve-se agora com letra minúscula, a chuva estancou e a
lua surgiu enorme e cheia esquivando-se das nuvens, mudei de anti alérgico (ao
qual fiz alergia – sempre positivo!), e o frio foi esquecido quando te despiste
morosamente frente a mim e te moldaste ao meu corpo, nessa cama acolhedora e
demasiado mole para o meu estranho requinte.
Quando aquela
sensação de borboletas no estômago te ataca de rompante, como se ingerisses
dois litros de coca-cola seguidos e devorasses um pacote de mentos de seguida,
uma explosão de adrenalina, de desejos carnais, de directas sobre directas ao
embalo de histórias de amores antepassados, monarcas e republicanos, reparas
que as coisas mudam depressa e que depressa te tornas numa pessoa diferente,
não na matéria, na carne e osso, mas no sentimento, na preocupação, na alma.
Nesse museu de séculos passados ao qual chamas casa, um sentimento vai nascendo, ardendo sem
se ver, beijos suaves prolongam-se pela noite fora até de madrugada, mãos
desvendam o desconhecido, o dia nasce e o sentimento aumenta. Uma pausa, um
cigarro na varanda. Lá fora, o silêncio do desconhecido até ao mar infinito.
Agora acho que
estou pronto, que ribombem os tambores e lancem os confettis. Vem, chega e
leva-me para longe. Deixa-me saber o que te atormenta. Vem, chega e leva-me
para longe. Vem viver a minha vida, curtir de noite e dia, posso-te descrever
com quantas palavras quiseres. Coloca a realidade de parte e vive este sonho,
leva-lo para onde vais e leva-me a mim também. Diz-me que também sentes esta
vibração, vem viver a minha vida, curtir de noite e dia.
Perdi as palavras.
Ou talvez as tenha levado para outro local, quiçá.
Ou talvez as tenha levado para outro local, quiçá.
Sem comentários:
Enviar um comentário