24.12.12
21.12.12
Rascunho
É Dezembro, chove a potes, tenho alergia e faz frio.
As coisas mudam
depressa: dezembro escreve-se agora com letra minúscula, a chuva estancou e a
lua surgiu enorme e cheia esquivando-se das nuvens, mudei de anti alérgico (ao
qual fiz alergia – sempre positivo!), e o frio foi esquecido quando te despiste
morosamente frente a mim e te moldaste ao meu corpo, nessa cama acolhedora e
demasiado mole para o meu estranho requinte.
Quando aquela
sensação de borboletas no estômago te ataca de rompante, como se ingerisses
dois litros de coca-cola seguidos e devorasses um pacote de mentos de seguida,
uma explosão de adrenalina, de desejos carnais, de directas sobre directas ao
embalo de histórias de amores antepassados, monarcas e republicanos, reparas
que as coisas mudam depressa e que depressa te tornas numa pessoa diferente,
não na matéria, na carne e osso, mas no sentimento, na preocupação, na alma.
Nesse museu de séculos passados ao qual chamas casa, um sentimento vai nascendo, ardendo sem
se ver, beijos suaves prolongam-se pela noite fora até de madrugada, mãos
desvendam o desconhecido, o dia nasce e o sentimento aumenta. Uma pausa, um
cigarro na varanda. Lá fora, o silêncio do desconhecido até ao mar infinito.
Agora acho que
estou pronto, que ribombem os tambores e lancem os confettis. Vem, chega e
leva-me para longe. Deixa-me saber o que te atormenta. Vem, chega e leva-me
para longe. Vem viver a minha vida, curtir de noite e dia, posso-te descrever
com quantas palavras quiseres. Coloca a realidade de parte e vive este sonho,
leva-lo para onde vais e leva-me a mim também. Diz-me que também sentes esta
vibração, vem viver a minha vida, curtir de noite e dia.
Perdi as palavras.
Ou talvez as tenha levado para outro local, quiçá.
Ou talvez as tenha levado para outro local, quiçá.
18.12.12
Crepúsculo
Teus
olhos, borboletas de oiro, ardentes
Batendo as asas leves,
irisadas,
Poisam nos meus,
suaves e cansadas
Como em dois lírios
roxos e dolentes...
E os lírios fecham... Meu Amor, não sentes?
Minha boca tem rosas
desmaiadas,
E as minhas pobres
mãos são maceradas
Como vagas saudades de
doentes...
O Silêncio abre as mãos... entorna rosas...
Andam no ar carícias
vaporosas
Como pálidas sedas,
arrastando...
E a tua boca rubra ao pé da minha
É na suavidade da
tardinha
Um coração ardente
palpitando...
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