17.7.11

Raiva

Lisboa, Março

- Vou agora entrar, até já.
Desligo a chamada, raspo o passe nas portas de saída do metro e arrumo o livro na mochila, tudo isto com uma rapidez e destreza que só a rotina académica é capaz de transformar em gesto inato. A saída Parque dá, ao que a experiência me conta, para a avenida de Lisboa onde os piores condutores da cidade decidem por em prática os seus dotes rodoviários. Felicidade a minha que, mesmo na passadeira, tenho direito a uma travagem abrupta e a uma apitadela que só termina quando, já com a cueca toda borrada, mando um gigantesco e demorado roberto ao condutor. Ora aqui estava o primeiro tema de conversa para a sessão: a minha enorme paciência para aturar filhos-da-puta.